domingo, 26 de julho de 2009

Pra que dor, amor?


Sabe, eu me lembro de quando me foi oferecida uma missão. Eu disse sim, na esperança da felicidade.

Com o tempo, a felicidade fez umas exigências. E, por amor, sem dúvidas desse amor, eu cumpri cada uma das exigências. Não nego que todas foram um sacrifício pra mim. Delas, sem dúvidas, as piores foram as dores de cada despedida, das lágrimas que rolaram, da angústia que eu sentia e fazia sentir. Uma, duas, dez ou mais vezes. Com várias pessoas. Todas diferentes, mas pelo mesmo motivo.

Mas eu também me lembro da música que eu não dancei, do comentário, do passeio que não fiz, da experiência que não partilhei, de cada vez que agi contrária ao que minha mãe me dizia pra agir, que era tentada a agir contra meus próprios valores. Lembro do sorriso que não dei, da máscara que criei, de cada pancada que endurecia o meu órgão mais precioso: o coração.

Lembro, (como esquecer?) das lágrimas que chorei. E olha que foram muitas. Lembro-me de todas elas, por cada uma das situações, todas por um mesmo propósito.

Lembro de cada pessoa que não cumprimentei ao passar na rua, do desvio de olhares à mínima presença. De cada festa, cada comemoração, cada convite que recusei. Por outro lado, relembro a agonia de cada situação que vivi, não por livre e espontânea vontade, e da sensação de aperto no peito e nó na garganta que senti quando me deparava ‘sozinha’ naquele meio.

Lembro de cada acusação que me foi feita. Muitas com razão. Muitas mais sem culpa de minha parte. Mais lágrimas, mais dor, mais sofrimento.

Lembro de cada vez que prometi mudar pra agradar e assim o fiz.

Lembro de cada vez que cheguei ao ápice de minha dor e resolvi pôr um fim em tudo; mas também me lembro das promessas de mudanças, que eu aceitava com paciência e esperança de felicidade e lembro-me de cada hora de sono gasta em orações, pedindo paz, felicidade, bênçãos...

Lembro de cada ofensa e de cada tapa que elas foram a meu eu.

Sem contar com todas as vezes em que sofri em silêncio, para não causar problemas. Esse silêncio de cada dor corroeu-me bastante por dentro. E eu sofri em silêncio, ainda sofro, muitas vezes, pra proteger também.

No entanto, eu passei por tudo. Eu abri mão disso tudo. Eu disse sim pra batalhas que me presentearam com cada uma das feridas que hoje trago no peito. Algumas ainda abertas, outras cicatrizando. Fiz e faço tudo por amor. Pela esperança de felicidade. Pelo bem estar alheio. Não me arrependo.

Mas hoje, depois de tanto tempo, tantos sacrifícios e tanta dedicação, recebo o avesso de tudo que fiz.

Recebo palavras duras, ásperas, fortes, negativas. Ditas com tanta convicção que tremeram a minha carne. Ditas com tanta sinceridade que meu coração gritou de dor ao lê-las.

Recebo a dor que evitei que outrem passasse caso eu não fizesse cada uma das despedidas. Recebo a raiva que evitei em outrem a cada convite recusado.

Sinto como se nada que eu fizesse fosse o bastante. Como se eu nunca fosse boa suficiente. Como se eu nunca fosse amadurecer como desejado.

E sabe o que eu queria em troca? Um pedido de desculpas quando o meu rosto se voltasse para o chão, ou a minha mão ficasse em punho e um abraço aconchegante que expressasse sentimento. Um braço a minha volta protegendo, entendendo que preciso daquilo. Talvez uma troca de olhares com um sorriso, aquele sorriso, se não fosse pedir muito.

Assim é que se reconquista o que possivelmente foi entristecido em mim. Poxa, até isso tenho que explicar? A fórmula que garante que vou estar junto sempre, que vou sorrir, ser legal e divertida, inteligente, intelectual e menos imatura, ao menos pelo resto do dia, até que, com um investimento de não muito tempo, eu pegue gosto pelas coisas e as faça sorrindo, ainda que seja um sacrifício pra mim.

Eu também queria em troca um ouvido pra cada palavra que me assolasse com a necessidade de ser expressa. Queria um colo mais disponível. Queria uma companhia para diversão. Queria não ter que me preocupar com humor antes de cada encontro. Ouvir um elogio quando me esforço em parecer bonita. Que tivesse orgulho e demonstrasse, ao menos pra mim, de me ter ao seu lado. Que cada encontro fosse uma descoberta. Um pouquinho do que a felicidade me prometeu.

Mas o que eu mais queria é não falhar na missão que me foi concedida, queria não ter lido que não trouxe felicidade para um coração que a buscou em mim...

Eu me esforço. Mas se um dia eu não conseguir cumpri-la, ao menos sairei com a consciência tranqüila de que fiz tudo o que pude. O que eu não pude, tentei.

E eu tenho certeza de que Deus está vendo tudo... e Ele sabe o que faz.

4 comentários:

  1. Menina! Tu escreve mto! Parabéns por toda essa inspiração... Coisas q vc escreveu q tem td a ver com a minha vida! nossa... mto bom esse texto!
    =)

    bjinhos*/~

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  2. Acho que por vezes o que mais desejamos é ter um motivo para sorrir de novo, um motivo para fazer tudo outra vez, para continuar amando incondicionalmente, para levantar e ver a vida de uma forma mais feliz. Eu faço da primeira pessoa do singular o maior motivo.Sei que não é tão prazeroso assim, mas ao menos não me decepciono tanto, não perco muitas pessoas, não tenho a quem culpar por não ser tão feliz.

    Apesar de triste , seu texto é lindo.

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  3. Não importa quanto tempo vai levar.
    Uma hora seu esforço será reconhecido.

    Força, Prip's. Amo você ♥

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  4. Texto lindo Prih...
    Parece que consegui entender tudinho.
    Uma hora seu esforço será reconhecido[2]

    Amo você!=)

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