quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O dia em que meu cachorrinho me deixou.

-"Mamãe, quando os cachorrinhos morrem eles vão para o céu?"
-"Não sei filha, não sei..."

A mamãe se afastou e ela continuou ali parada, incrédula, desejando ter estado lá quando aconteceu a tragédia, desejando tê-la evitado, desejando tê-lo posto ao colo, como costumava fazer. E depois ele deitava na porta da cozinha com as patinhas debaixo da boca com aquele olhar de cachorrinho sem dono.



Uma tempestade de memórias sobreveio à sua mente, similar às gotas que rolavam em sua face.
Lembrei-me do dia em que o escolheu para ser seu, em meio a tantos outros. Ele era tão pequenininho, cabia em suas mãos. Foram para casa dentro do casaco dela e, quando chegaram, mamãe fez uma chuquinha com leite para alimentá-lo. Era o bebezinho delas. Papai tava dando uma de durão mas, assim que o conheceu, também se rendeu aos seus encantos e sua carinha de cachorrinho pidão. Ele também apaixonou-se por papai, trocava qualquer um de nós por ele. Lembrou-se do dia em que a veterinária disse que ele viveria sorrindo por conta de sua arcada dentária. Sarinha uma vez que disse para mamãe: "Olha, titia, seu cachorro está sorrindo para mim!". E ele estava mesmo. Ele sempre sorria. Seu amor por nós era tamanho que, toda vez que saíamos de casa ele chorava muito, mesmo domingo passado. Certa vez descobrimos que ele se distraia com pão e era o que enrolava até a nossa volta, quando ele pulava de alegria, corria pela casa... ahh, como ele corria pela casa! Tinha dias que parecia um foguetinho, era muito rápido. Até nos atropelava. Ele parecia um cachorro hiperativo, até que mudamos de casa e ele tinha uma varanda enorme pra si só. Assim que a porta era aberta ele corria e deitava na entrada da cozinha com as patinhas debaixo da boca com aquele olhar de cachorrinho sem dono. Ficava a nos observar, a nos alertar de qualquer suspeita... parecia que nos compreendia. Falando em compreender, foi ele quem ouviu muitas de minhas histórias, foi ele quem me deu o carinho de que eu tanto necessitei por tantas vezes. Também foi ele quem me salvou de algumas ciladas, quem avisava quando alguém tava chegando e quem adorava um carinho no pescoço. Quando mudamos de casa e não pudemos trazê-lo conosco doeu. Cinco meses depois já estávamos com planos de mudar novamente só para carregá-lo com a gente.
Infelizmente não deu tempo. Foram dois anos de convivência com ele, tempo todo de sua vida. Queria muito que fossem anos e anos, que ele acompanhasse meu crescimento como eu acompanhei o dele, que ele fosse meu companheiro para sempre. Sei que estou sentindo saudades. E que estou chorando. Vou sentir muita falta e sempre lembrar dele com carinho, como membro da minha família.
Shake, amo muito você.

ps: peço desculpas por ter escrito tão informalmente, tão descaradamente e por ter abandonado o blog. Ainda estou abalada.

3 comentários:

  1. Acho que não tenho muito para falar, Priscila. Eu vi os seus olhinhos tristes hoje, assim que você apontou na porta da agência. Os olhos são a porta da alma, né? É horrível perder quem amamos, ainda mais dolorido quando é assim, tão inesperado. Mas confio em você e em sua força, que são suficientes para guardar lembranças boas do grande Shake, o cãozinho que fez a Priscila sorrir.

    Beijos ...
    Estamos aqui, sempre

    ResponderExcluir
  2. é, não tenho muito o que dizer.
    só que sei como deve ser dificil esse momento.
    mas, tudo passa.
    é dificil, mas passa!!
    temos que ser firmes!
    bjos!!!

    ResponderExcluir
  3. Sei como é a dor de perder um amigo.
    Mas se há um céu para os humanos, com certeza há espaço para os cachorros também (:
    É difícil, mas passa, tudo pass.
    Boa sorte.
    (Lindo o texto. Me lembrou daquele livro de Markus Suzak 'A Menina que Roubava Livros')

    beigos mil

    ResponderExcluir