domingo, 9 de agosto de 2009

Conclusões à meia-noite.

Houve um tempo em que fui a solução.
Fui sorriso, felicidade, alegria e emoção. Fui a espera nos dias nublados, nos chuvosos e também nos de sol.
Fui esperança, abraços, preocupação, revolta e compaixão.
Fui diversão, anseio, desejo, decepção.
Fui o prazer que se tem quando se pode dividir a vida,
ainda que sem sequer dividir o mesmo espaço e tempo com outro corpo, em sintonia, ou exaltação.
Dividir a vida, a importância, as descobertas, os receios e intimidades.
Compartilhar os momentos, sentir das mesmas dores.
Fui a brincadeira após a raiva, fui consolo e conforto após desavenças.
Fui um todo, um misto do tudo, o completo, fui a fundo, fui...

Hoje sou a frustração.
Uma decepção comparada àquelas de investimentos sem retorno.
Sou incômodo, sou angústia, ainda ciúme, ainda desejo... como posso ser tão desgraça?
Sou a nostalgia dum tempo de liberdade, aquele em que a liberdade é a felicidade, livre de todo medo, toda angústia e todo sofrimento.
Sou aquela lágrima, daquele dia, do primeiro último abraço, aquela que eu não esqueço.
Sim, depois daquela, sou todas as noites em claro e as preocupações.
A incerteza, o desconforto, o silêncio, a distância, a infelicidade.
Sou todas as palavras encontradas nos olhares, aqueles quase não trocados.
Todas as vontades reprimidas de um telefonema, uma carta, um sinal.
Sou todas as palavras não ditas, como as palavras virtuais, frias, inexpressas, com ausência do essencial calor humano, aquele mesmo que fazia, há um tempo, que eu fosse sinônimo de borboletas no estômago.
Sou a pequena já crescida, porém ainda com os mesmos olhos.
Mais vivos, mais curiosos, mais secos e mais frios.
Aqueles mesmos que brilhavam com brincadeiras, hoje são ofuscados pela tristeza, cicatriz...

Penso que eles têm medo de não mais ver o que o coração tem saudade e anseia.
Um sorriso sincero, um motivo de felicidade, uma alegria de viver.
Hoje sofro as consequências de um tempo passado, ainda tão presente.
Hoje eu me sinto como uma bonequinha, aquela preferida, que não saía de nossas mãos.
Aquela mais aproveitada. Mas um dia a gente cansa da bonequinha e a guarda numa caixa.
Às vezes ainda a vemos, relembramos do tempo em que ela era tudo pra nós...
Contudo, é improvável que ela volte a ser o centro de nossa atenção.

É visível que ela sente nossa falta, é visível que ela anda infeliz...

5 comentários:

  1. texto lindo!
    amei!
    o blog todo tbem; parabéns// já vou seguir!

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  2. '

    eu posso continuar brincando com a boneca ?
    ainda que exista brinquedos novos, ainda que tenha outras coisas ...
    eu gosto muito daquela boneca, posso?

    . . .

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  3. hehee..
    tbm gostei do seu blog!
    vou te seguir. hehe
    e quanto às imagens, eu sou assinante de um site de fotografias.
    dai eu pego de lá! hehehe
    =D

    teh+

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